
Seissentos anos se passaram, e tudo parece ter virado do avesso: da posição de império mais poderoso e influente do mundo, a China tornou-se motivo de piada no Ocidente, não sem antes ter passado por um longo período de humilhação e dominação estrangeira. Ironicamente, a pólvora inventada pelos chineses seria usada pelas potências ocidentais para conquistar a China. Começando com sua derrota para a Inglaterra na Guerra do Ópio em 1842, a China chegaria ao fundo do poço durante a II Guerra Mundial, massacrada pelos japoneses. A estranha, praticamente bizarra, admiração dos chineses por Mao Zedong, pode ser explicada em parte pelo basta dado por ele aos “100 anos de humilhações”. Quando a República Popular da China foi fundada em 1949, Mao proclamou: "Não mais a nossa nação será sujeita ao insulto e à humilhação. Erguemo-nos." Sua foto até hoje domina o cenário da Praça da Paz Celestial e Cidade Proibida.

Mais do que o orgulho chinês, estava também em jogo (sem trocadilho) o futuro do “Partidão” (o PCC, Partido Comunista Chinês). Os líderes chineses sabiam que a organização impecável e o primeiro lugar no pódio das medalhas seriam a prova da supremacia chinesa, reforçando a legitimidade de seu regime e afastando possibilidades de reformas democráticas. O Partidão merece, sim, parabéns pelos jogos impecáveis, mas a inexistência de direitos individuais na China e as decisões à prova de contestações certamente tornaram tudo muito mais fácil. Resquícios de uma cultura que ainda abre mão de seus interesses individuais pelo bem coletivo também deram uma forçinha. 1,5 milhão de moradores foram desalojados para a construção dos estádios e projetos de reurbanização que varreram os quarteirões de hutongs - os centenários cortiços de Beijing. É preciso pisar no Complexo Olímpico onde está o Ninho de Pássaro para acreditar no tamanho da área utilizada: 6 vezes maior que o complexo construído em Atenas, 60 vezes maior que o complexo do Maracanã. Afirma o "Partidão" que “todos foram devidamente indenizados”. Ã-hã.
Final da vela em QINGDAO. Para mim, o momento mais emocionante das Olimpíadas: eu e a Cá, únicos dois brasileiros perdidos na arquibancada, e o Scheidt pega a bandeira do fundo do barco pra comemorar a PRATA com a gente!!!!!!!!!!!!!
Final do vôlei masculino: PRATA.
O Brasil só perdeu porque já tava todo mundo rouco e mal deu pra torcer!!!
Os americanos, mais do que todos, não perderiam uma chance de exagerar, mesmo que fazendo papel de ridículos. Mas tenho certeza que os críticos, e mesmo os atletas, ficaram pasmos com o céu A-Z-U-L de Beijing. A última vez que eu tinha visto um céu tão bonito foi em Ubatuba!!! Mas 2 meses depois, quando voltamos a Beijing, as fábricas, construções e carros já estavam de volta à ativa, e com eles, a poluição. A farça durou pouco. Mas não tinha problema - o mundo já não estava mais de olho em Beijing. Que venha LONDRES... 2012.
O Espírito Olímpico Brasileiro... zona total! Futebas feminino em Shanghai: Brasil 4 x 1 Alemanha.
Argentina x Costa do Marfim... africanos desde criancinha! Dei até autógrafo esse dia!