Censura

Tentaram nos enganar. Ao chegar na China, nos deparamos com uma internet lerda, lerda, quase parando. Alguns sites ocidentais inacessíveis. Logo nos esclareceram que o problema havia sido um terremoto em Taiwan, que causou o rompimento de centenas de cabos de fibra ótica que ligavam a rede da Ásia ao resto do mundo. “Tranquilo, logo tudo deve ser normalizado e nos conectamos novamente ao mundo.” O tempo passa, passa, e nada. E concluímos: “a censura da Internet na China existe, MESMO”.

O governo chinês não permite o acesso a sites que contenham palavras consideradas "ofensivas ao regime" ou ligadas a conteúdo pornográfico. É a "muralha da China virtual". A Wikipedia (pra quem não conhece, eu recomendo, uma enciclopédia virtual violenta), foi completamente vetada na China. Fui tentar pela última vez agora e, voilà: “The page cannot be displayed”.

Cooperando com o regime chinês, algumas pequeninas empresas. Microsoft: no sistema de blogs chinês é impossível escrever palavras como liberdade ou democracia. Google: os resultados de buscas na China não incluem páginas da lista negra do Partido Comunista. Yahoo!: o fluxo de mensagens é controlado a partir de palavras-chave, e alguns usuários já foram presos (!!!) após o conteúdo de suas mensagens ser cedido (espontaneamente) às autoridades. O motivo? $$$, sempre $$$. “Se non colabola con chineis, fica fola do melcadinho chineis, né?”. Enquanto os USA lideram o ranking em número absoluto de usuários da internet, com 198 milhões, a China ocupa a segunda posição, com 111 milhões. Estes números representam, respectivamente, 70% da população americana, mas míseros 9% dos chinesinhos. Um potencial de crescimento respeitável aqui, não? Fim de semana passado, enquanto almoçávamos em um restaurante perto de casa, tio Bill investia forte em propaganda:

Enquanto isso, a Wikipedia parece continuar fiel aos princípios de liberdade de informação – e censurada.

OBS: A Anistia Internacional denuncia o governo de 15 países por censura ao conteúdo da Internet: Cuba, Vietnã, Irã, Síria, Arábia Saudita, Burma, Maldivas, Nepal, Coréia do Norte, Zimbábue, Tunísia, Egito, Líbia, Turcomenistão, e o deste singelo vilarejo onde vivemos.